07 December 2007

nos olhos da minha mãe...

Hoje é o teu dia.
Nasceste há uma boa quantidade de décadas e não, não vou dizer quantas são :o)
Esta manhã decidi fazer-te uma surpresa.
Surpresas à mãe são aquelas que nenhum de nós se lembra muito de fazer...
Sabes? Acabas sempre por ser um "dado adquirido", alguém que está sempre ali, "na alegria ou na tristeza, na saúde ou na doença...". És uma certeza. Tu estás sempre ali... e todos entendem que "não fazes mais que a tua obrigação"...
A verdade é que eu sei que tu também te cansas (e não deve ser pouco!) com todas as coisas de mãe e de mulher que fazes e que aguentas.
Sinceramente não sei onde encontras tanta força para nos aturares a todos, muitas vezes sem te darmos nem um "obrigado" ou um abraço ou um carinho... antes pelo contrário, confundimos frequentemente a tua preocupação com excesso de zelo e ainda te resmungamos. Às vezes somos bastante ingratos...

Então... hoje pedi um tempo da minha manhã, conduzi até ao teu trabalho, estacionei do outro lado da estrada, dei a moedinha ao carocho.
E atravessei a estrada que tantas vezes atravessaste comigo ao colo e pela mão...
E lembrei-me outra vez daquele dia em que pensámos que íamos perder o mano e em como é uma porcaria essa ser a minha primeira recordação de sempre, pois bem me esforço mas não me lembro de nada que se tenha passado antes dos meus 4 anos, e desse acontecimento nas nossas vidas, lembro-me como se tivesse sido ontem...!
... E mais uma vez não sei como aguentaste... mas o que é certo é que aguentaste.
Pus de lado as recordações tristes e fui.

Queria ver-te, dar-te outro abraço porque o que te dei ontem à noite quando cheguei a casa, foi apertado mas não chegou.
E "devolvi-te" as rosas brancas que me tens posto, desde já nem sei quando, na minha cabeceira. (Foi mais uma retribuição que uma devolução... mas eu sei que não o fazes para ter algo em troca...)
E dei-te o perfume que te trouxe da Alemanha... Noa Pérola... e vi as lágrimas - também elas como pérolas - caírem dos teus lindos olhos azuis. E contive as minhas enquanto desejei que chorasses maioritariamente de alegria.

És uma estrela e apesar de alguma distância, porque as estrelas estão sempre lá longe e tu brilhas por toda a parte, (com mais ou menos resistência, porque a juventude pensa sempre que tudo sabe :op) guiarás sempre o meu caminho.


Pequeno Poema

Quando eu nasci,
ficou tudo como estava.

Nem homens cortaram veias,
nem o Sol escureceu,
nem houve Estrelas a mais...
Somente,
esquecida das dores,
a minha Mãe sorriu e agradeceu.

Quando eu nasci,
não houve nada de novo
senão eu.

As nuvens não se espantaram,
não enlouqueceu ninguém...

P'ra que o dia fosse enorme,
bastava
toda a ternura que olhava
nos olhos de minha Mãe...

Sebastião da Gama

1 comment:

Anonymous said...

Esse coração é lindo...eu consigo vê-lo!