09 November 2007

rosas brancas

Eu acho sempre que ela nem repara.
Penso sempre que ela não está nem aí... que não liga... que tem mais com que se preocupar... o meu pai, o meu irmão, a casa... o trabalho.
A verdade é que afinal quem não reparou fui eu... nem sei dizer há quanto tempo é que as flores estão na minha mesa de cabeceira.
Apercebi-me mais ou menos há dois meses. Comecei a ficar mais descuidada, a mostrar mais. Deve ter sido quando se apercebeu.

Uma noite chego a casa e está uma rosa na minha cabeceira... sei que não a vi logo no primeiro dia em que lá foi posta... talvez no segundo ou terceiro... não estive atenta...
Não costumamos trocar ideias sobre sentimentos e não falamos de coisas complicadas. Não é hábito nosso. No entanto, sabemos, sentimos que podemos contar uma com a outra.

A verdade é que desde há mais ou menos esses dois meses que a minha mãe começou a colocar rosas brancas na minha mesa de cabeceira... não diz nada... apenas vai ao quarto deixar as rosas e sai.
Estive para fazer disso assunto na noite em que estivemos a ouvir fados lá no quarto... mas não consegui.
A Isabel é muito dada a estas poesias.

O mais curioso é que quando muda da rosa murcha para a rosa viçosa, há um período de tempo, de transição... talvez um dia ou dois, em que ela deixa lá as duas rosas, a murcha e a nova.
Como já disse, não falamos, por isso não posso ter a certeza mas penso que a mãe faz isso para me fazer ver ou para me relembrar que as coisas perecem e morrem, mas que também renascem.

Ain't she something...?
Thank you mommy...

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