Depois do estranho telefonema ainda pensou três ou quatro vezes em desistir daquela ideia maluca. Até que bem perto da hora se decidiu em ir.
Procurou a casa especial na rua indicada.
De facto tudo estava de acordo com o que esperava, sentia-se insegura.
Parou... respirou fundo e tocou à campaínha. Escassos segundos passaram até empurrar o pesado portão quando ouviu o estalido, indicando que alguém do lado de dentro abrira a porta.
No cimo das íngremes escadas lá estava ele, de boina e cachimbo. Iluminado pelo sol, que já ia alto, caminhou para si, cevado... robicundo.
Não sabia muito bem como o cumprimentar mas a sageza feminina valeu-lhe mais uma vez, ajudando-a ocultar muito bem o pouco à vontade que sentia. Ele não teve esse mesmo problema, dirigiu-se a ela sem refreio e de braços abertos como se de uma velha amiga se tratasse. Osculou-lhe as duas faces fazendo-lhe cócegas com as barbas.
Apontando a mãozinha anafada na direcção de uma porta vermelha, indicou-lhe o caminho.
Procurou a casa especial na rua indicada.
De facto tudo estava de acordo com o que esperava, sentia-se insegura.
Parou... respirou fundo e tocou à campaínha. Escassos segundos passaram até empurrar o pesado portão quando ouviu o estalido, indicando que alguém do lado de dentro abrira a porta.
No cimo das íngremes escadas lá estava ele, de boina e cachimbo. Iluminado pelo sol, que já ia alto, caminhou para si, cevado... robicundo.
Não sabia muito bem como o cumprimentar mas a sageza feminina valeu-lhe mais uma vez, ajudando-a ocultar muito bem o pouco à vontade que sentia. Ele não teve esse mesmo problema, dirigiu-se a ela sem refreio e de braços abertos como se de uma velha amiga se tratasse. Osculou-lhe as duas faces fazendo-lhe cócegas com as barbas.
Apontando a mãozinha anafada na direcção de uma porta vermelha, indicou-lhe o caminho.
A casa era velha mas simpática. Parecia habitada por duendes. A pouco e pouco, sem saber bem porquê, os seus receios foram como que desaparecendo.
Entraram num corredor muito comprido e depois na salinha pequena à direita.
Tudo naquela sala parecia intrigá-la. A luz era parca, mesmo existindo uma janela enorme a dar para a rua. Ele preferiu a luz de velas - "a luz do sol a esta hora é demasiado agressiva" - disse. Ela sorriu assentindo.
Na parede cheia de sombras estavam pendurados vários quadros com gravuras antigas e um poster da Dublin Trinity College. "Interessante" - pensou.
Uma das coisas que mais lhe agradou dentro da sala foi o cheiro. Ligara sempre muito aos cheiros, ao ponto de acreditar e sentir que os mesmos, não sendo agradáveis, lhe afectavam severamente o espírito. Não era o caso. Havia um cheiro suave, uma mistura de baunilha, canela e maçã... talvez também um pouco de hortelã.
Na prateleira de cima da estante, em frente à janela, estavam arrumados vários livros bem gordos. Sentiu-se orgulhosa por ter reconhecido alguns títulos. As prateleiras de baixo eram autênticos jazigos de folhas soltas com rabiscos a esferográfica e a carvão, pilhas de papel desorganizadamente organizadas.
Em cima da mesa, contrastando com tudo, estava o pc portátil.
Baixinho ouvia-se uma música suave cuja intérprete rapidamente identificou...
Não fazia ideia de como iriam ser as duas horas que se seguiam mas - "só por me relembrar que a Loreena Mckennitt existe... já valeu a pena..." - pensou disfarçando um sorriso e inspirando bem fundo.
Tudo naquela sala parecia intrigá-la. A luz era parca, mesmo existindo uma janela enorme a dar para a rua. Ele preferiu a luz de velas - "a luz do sol a esta hora é demasiado agressiva" - disse. Ela sorriu assentindo.
Na parede cheia de sombras estavam pendurados vários quadros com gravuras antigas e um poster da Dublin Trinity College. "Interessante" - pensou.
Uma das coisas que mais lhe agradou dentro da sala foi o cheiro. Ligara sempre muito aos cheiros, ao ponto de acreditar e sentir que os mesmos, não sendo agradáveis, lhe afectavam severamente o espírito. Não era o caso. Havia um cheiro suave, uma mistura de baunilha, canela e maçã... talvez também um pouco de hortelã.
Na prateleira de cima da estante, em frente à janela, estavam arrumados vários livros bem gordos. Sentiu-se orgulhosa por ter reconhecido alguns títulos. As prateleiras de baixo eram autênticos jazigos de folhas soltas com rabiscos a esferográfica e a carvão, pilhas de papel desorganizadamente organizadas.
Em cima da mesa, contrastando com tudo, estava o pc portátil.
Baixinho ouvia-se uma música suave cuja intérprete rapidamente identificou...
Não fazia ideia de como iriam ser as duas horas que se seguiam mas - "só por me relembrar que a Loreena Mckennitt existe... já valeu a pena..." - pensou disfarçando um sorriso e inspirando bem fundo.
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