10 February 2008

o conto de fadas do velhinho dos olhos tristes

"A minha mãe costumava
Contar-me histórias de embalar
E ao seu colo eu sonhava
Com as histórias que ela contava
Nem me apetecia acordar

Havia fadas e vilões
Reis, rainhas e nobres
Era um mundo de ilusões
Com as melhores condições
Não havia guerras nem pobres

E até mesmo os vilões
Que viviam sempre escondidos
Se tornavam todos bons
Pois não tinham quaisquer razões
P'ra serem nossos inimigos

Era assim que eu vivia
Rodeado de tanto amor
Nem sequer me apercebia
Que à minha volta existia
Tanta guerra e tanta dor

Com o tempo eu cresci
Nesta vida desgraçada
De tanta miséria que vi
Que um dia concebi:
Tinha que haver uma fada!

Corri todas as direcções
Procurando a ver se a encontrava
Foi então nos corações
De todos - até dos vilões -
Que descobri onde ela estava

Desde então eu sei
E creiam que isto é verdade
Essas histórias que eu sonhei
E nas quais eu tanto amei
Podem ser realidade

Podemos acabar com a dor
E parar com toda a guerra
O ingrediente é o amor
E sem descriminar credo ou cor
Podemos dar Paz à Terra!

O Autor
José Manuel Mendonça de Sousa

Com Carinho
José Manuel"

E aqui está o poema que preencheu o momento de declamação no nosso jantar de ontem no Calcutá 2 no Bairro Alto... é verdade, não me tinha chegado o mojito e os salgadinhos na outra noite, lá voltei ao Bairro, qual filha pródiga... mas desta vez com a tropa de elite toda :o)
E aquela hora foi prolífera em pedidos de dinheiro... em menos de nada tivemos o senhor das "Peças de LOUUUUSA"... que dois segundos antes de nos abordar tinha estado um bocado ajoelhado no meio da estrada... e depois disfarçadamente apanhou um cigarro meio inteiro do chão...
Ando muito "give it away" e apesar de saber que nos mentiu com quantos dentes tinha... lá lhe dei uma moeda.
Depois passou o indiano a vender flores. Perdi a conta aos que nos abordaram... não dei moeda a nenhum... mais valia abrir logo falência...
Ainda não tinhamos começado a comer e veio o senhor da Cais...
Constrange-me dizer que não vou dar dinheiro. É uma parvoíce, eu sei, mais uma (talvez o anúncio - já suspenso - do Media Markt não esteja assim tão errado do que toca a mim! Sou tãaaao parvaaaaaaa!!!). Também sei que a cara triste que fazem não é totalmente livre de teatro... mas era tão mais fixe não haver 'sem abrigo' e toda a gente ter a sua casinha... e não terem que andar estes tipos de ar desgostoso a pedir dinheiro à nossa mesa enquanto jantamos...
E... chegou a vez do velhinho...
O velhinho tinha olhos tristes, gelatinosos... se é que assim se podem qualificar olhos...!
Ele vende aqueles marcadores de livro que são umas cartolinas coloridas e têm uns olhinhos de madeira. Através de umas colagens e dobragens ao deslizar a cartolina o boneco deita a língua de fora...
Eu e a K já temos uns daqueles que encontrámos de outra das nossas noites errantes também no Bairro e andámos a brincar com aquilo e então dissemos "já temos"... mas ele continuou a mostrar os truques do boneco que deita a língua de fora e ao mesmo tempo também ele mesmo deitava a língua de fora, como que por reflexo condicionado ou por imitação do que estava a fazer... (ou então é mesmo um daqueles velhinhos que já está sempre com o maxilar a dar a dar. - ainda nos rimos com isso... somos mesmo maldoooooosos)
O velhinho, como não teve sucesso com o boneco mal-educado, deu-me um papel para a mão. Disse que queria que dessemos opinião. Que tinha "um amigo" que escrevia umas coisas... O papel, meio fajuto, tinha o poema que está lá em cima, no início deste post, dactilografado à máquina.
Resolvi ler para todos (também não éramos muitos... naquele momento estavamos só os 5 :op)... e li e... quando terminei, o velhinho fitava-me e os seus olhos pareceu-me que choravam.
Fungou-se um bocadinho e lá pediu a moeda... e eu dei. Desconfiei... acho que era ele mesmo "o amigo que escreve umas coisas".
Deu-me em troca o mesmo poema, enroladinho como se de um pergaminho se tratasse, protegido com película aderente e adornado com uma fitinha vermelha. Punha uma pala no olho e dizia que tinha ali os Lusíadas... :op

A noite... a noite foi-se. A noite foi mas foi tão boa. Foi bonita, divertida, foi velha e foi nova e foi longa, foi tão especial.
Só o poderia ser... estando eu rodeada de pessoas tão especias.

"Long nights allow me to feel."

Gostei particularmente das experiências do além do nosso mágico-fisio-terapeuta de serviço (magias essas que comigo não funcionaram porque eu estou forte ou estragada demais para fazerem comigo magia hehehe).
Mas vou mesmo contratá-lo para os eventos da Oracle! Fizemos ali negócio. hehehe
Há gente muito estranhamente espectacular que se nos atravessa no nosso caminho.

4 comments:

Anonymous said...

a noite... para mim começou com um grande buraco no estomago! sim jantar as 22h e tal.. hunf!Mas foi um optimo jantar, já a algum tempo que não me ria assim!
Bairro...quanto a isso não há nada a acrecentar..! ;)
Disco...! Bem.. tava um grupo espectacular, adorei tudo, o ambiente, as pessoas, o som, o espirito!!Uma longa noite! Linda!! Uma proxima em breve? ;)

*b M

Konstança said...

é pena não referenciares o resto da noite.. pois assim não falas de mim, e das coisas que fizemos.. mas uma coisa é certa, ADOREI a noite.. principalmente aquela parte dos "ciumes".. lol... e também do gelo.. :) jinhos... Luv u

(n)Ana said...

O jantar foi muito bom! Ainda que tardio. Mas os tempos encaixaram-se todos muito bem, não? Adoro pão de alho! :o)
E papei tudo!
Incrivel é como duas "loiras" me deixam logo pronta a dizer tanto disparate...! :op Como se eu não tivesse já tanta tendência para a parvoeira mesmo estando completamente sóbria. :op
Quanto ao resto da noite querida L, eu ainda ia escrever que na Maria Lisboa vi a maior concentração de homossexuais por m2 da minha vida... mas decidi não falar de tudo... e guardar no coração hehehehe!!!
Mas olha que aquilo às vezes parecia um filme... daqueles meio freaks. Há gente bonita... mas também há cada bicho! (ou bicha...vá...) hehehehe
Mas a disco é gira e acolhedora, o que é raro e estranho... dada a quantidade de freakalhada hehehe Diverti-me à grande, é o que importa. :o)
Obrigada... :o*

maria said...

Recebi este poema do mesmo Senhorzinho há dois anos, no mesmo lugar e fiquei igualmente emocionada. Pesquisei o texto na internet para poder mostrar a outras pessoas e cá estava. Obrigada por compartilhar!