into the wild

Voltei então e finalmente a uma das minhas salas preferidas desta nossa bela cidade... King!
O filme que vi anda aqui "entalado" desde Segunda-feira... o post teima em não sair. Mas não quero deixar passar mais tempo...
A verdade é que acho que ainda não o processei bem... e daí que este post só pode sair uma trapalhada... É o que acontece quando as coisas estão ainda numa salganhada dentro de nós.

Mas gostei tanto... o Sean Penn é um senhor realizador... para além de todas as suas outras qualidades hehehe :op (grrr... adoro aquele homem...!)

E gostei! Mesmo com o cabeção do senhor que tinha à minha frente... às vezes passava na minha cabeça a pergunta: "desculpe, senhor... importa-se que lhe corte a cabeça à navalhada?" hehehehe Fogo... que cabeção... parecia um meio mundo...
O cinema é fixe mas as salas antigas não têm aquela inclinação "no terreno" que evita que miúdas pequenitates como eu fiquem atrás de matulões cabeçudos... ou melhor... o cabeção até pode estar na mesma, mas já não incomoda tanto...

"Not all is well in the hippie world..."

Então vamos lá...
Há os "leather tramps"... que são vagueantes que andam a pé... os que andam de carro - aquelas carrinhas hippies são o máximo hehe - são os "rubber tramps"...
E o filme é baseado na história verídica de um jovem que claramente decide - de uma forma um pouco egoísta, digo eu a pensar na família dele e em todos os que ele deixou para trás com as suas decisões - que a vida dele não é seguir uma carreira... e então transforma-se num leather tramp... ou um footloose (pézinho solto!!)... como também se auto-definem estes vagueantes.

Numa busca interior e não só, decide explorar a sua essência em conjunto com a da natureza... (se é que isto faz algum sentido posto assim...)
Ora... eu e a natureza... a natureza e eu... a natureza e o filme... a fotografia está belíssima. E não podia ser de outra forma... se o próprio título do filme aponta para o selvagem e para a pureza do que nada mais é do que natural e simples.

O actor, Emile Hirsch, teve ali um papelão daqueles... (não sei porquê o tipo faz-me lembrar o Leo DiCaprio) e não se saiu nada mal...!

Não quero estragar o filme a quem ainda não viu... mas é uma longa caminhada, a do rapazola... (e a nossa, que presenciamos tudo do lugar do espectador).
A caminhada aparece-nos narrada em três fases... como no crescimento de qualquer Homem. Infância, Juventude e Alcance da Maturidade...
In the end... toda a caminhada serviu para chegar (tarde demais...) à derradeira conclusão de que: Happiness is only real when shared... Ora bolas, a essa conclusão já eu cheguei e não precisei de tirar a pele a um alce nem de ser cheirada por ursos... :op
Well... depois deste surto redutor... resta acrescentar que muito, muito mais havia a dizer... mas estou sem grande cabeça hoje e como disse, ainda não processei tudo!! Mas escrever ajuda... sempre ajudou!
Ide ver...
Ah! A banda sonora do Sr. Eddie Vedder está lindíssima...

Quotes... ou frases bonitas do filme que eu acho que merecem ser relembradas e comentadas aqui:

"I read somewhere... how important it is in life not necessarily to be strong... but to feel strong."
Esta frase fez-me click porque... oh well... quem me lê sabe bem que nem sempre sou forte... mas, apesar dos pontapés que a vida me vai dando... neste momento, posso até nem o ser mas sinto-me forte.

"Some people feel like they don't deserve love. They walk away quietly into empty spaces, trying to close the gaps of the past."
Às vezes também eu sinto que não O mereço... e que se assim é, é porque eu mesma fiz para que assim fosse...! Parvoíces... 'quem não me ama, não me merece'. :op

"Rather than love, than money, than faith, than fame, than fairness... give me truth."
e
"If we admit that human life can be ruled by reason, then all possibility of life is destroyed.
Porque eu ando sempre à procura da verdade e da razão... das razões... dos porquês... porque por muito leviana que eu seja, há respostas sobre as quais não consigo passar por cima do facto de não as ter tido... e bem tento levar esta frase à letra... mas há respostas que simplesmente tenho que ter para "compreender o processo"... para conseguir prosseguir.

"... he knew I loved him enough to bear with not knowing..."
Esta frase é da irmã do protagonista, quando ele desaparece durante tempo demais sem dar notícias. Achei a frase bonita. Aliás, a irmã é muito importante no filme, pois é através dos seus olhos que vamos seguindo a história que é narrada pela própria na maior parte do tempo.
Gostei da frase porque é no fundo uma explicação de "Saudade". Esse tão típico sentimento português...
Amar alguém o suficiente e de forma a que se aguenta, através desse, amor (seja fraternal, paternal ou de amizade) a dor insuportável de não se saber nada desse primeiro alguém.

"When you forgive, you love. And when you love, God's light shines upon you."
... Porque sei perdoar... e porque tenho que perdoar a vida e os meus 'pontapeadores'... e sobretudo porque tenho que me perdoar a mim mesma...