Nas fases de pseudo-rebeldia da adolescência, quando achava que a mega generation gap que existia entre mim e os meus pais era insuportável e impedia a comunicação saudável e sem discussão, escrevia cartas.
Ou escrevia para mim e nunca chegavam ao verdadeiro destinatário (o que até era bom porque escrevia quase sempre sobre coisas que me irritavam ou me deixavam meio desesperada, coisas de menina púbere hehehe) ou escrevia mesmo com o intuito de fazer chegar o "correio" ao destinatário.
Assim, cheguei a escrever cartas verdadeiramente intensas à minha mãe, cheias de porquês e de questões que naquela altura eram tudo o que mais importava. Vi a minha mãe chorar ao ler-me, com vontade de vir a correr para mim para me dar algumas respostas, e por vezes até alguns açoites. Mas eu era implacável, os meios de retorno tinham que ser os mesmos. Não permitia que me desse respostas às cartas sem que fosse por carta... achava mesmo que assim que começássemos a falar, a discussão ia ter lugar e por carta isso não aconteceria... como é que se grita e discute via papel? hehe
As cartas ficavam assim por responder, tal como todas as perguntas nelas feitas... a verdade é que a minha mãe (para além de ter outro filho um pouco mais problemático e milhentas outras coisas para fazer) sabia que todas aquelas dúvidas, apesar de lhe serem tão estranhas a ela, porque a vivênvia da quase inexistente adolescência dela, ter sido tão tão diferente da minha, se dissipariam com o tempo e com o crescimento. E em muitos casos até sei que a pobrezinha não conseguia dar-me respostas, não estavam ao seu alcance.
Recebi uma das cartas mais fixes na sexta-feira...
Continuo a achar que as cartas devem ser respondidas com cartas... e por isso mesmo não vou comentar muito o conteúdo da carta por esta via, até porque se fosse para "falar" por aqui, certamente que nunca tinha recebido aquela carta lindaaaaaa.
Espero que o rementente esteja consciente do quão importante foi para mim recebê-la. :o)
Quanto à mudança... deixo uma frase que alguém também muito querido me disse em tempos mais complicados: "Nem tudo o que se enfrenta pode ser mudado... Mas nada pode ser mudado até ser enfrentado."
Assim que assumi isto... que decidi enfrentar o que sentia/sinto e o que se me depara, o que a vida me trouxe/traz, comecei a aceitar melhor a minha falta de capacidade para lidar com coisas que não controlo, principalmente nos outros. Transformei-a um pouco, para me ajudar a libertar-me de amarras que eu própria criei mas que pensava serem exteriores a mim. Precisei de crescer. Vou crescendo... e até tu já me ajudaste a crescer.
:o)
Obrigada pela TUA carta...
1 comment:
beijinhos do Zorro :p
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