13 March 2006

Mágoa

Diz-se que os humanos são os seres com maior capacidade para ultrapassar as dificuldades e adversidades. Que quando caem voltam a erguer-se e recomeçam do zero... uns mais facilmente que outros, com marcas por vezes indeléveis deixadas pela experiência, mas avançando, a pouco e pouco, de passo a passo...

No entanto, não tenho palavras para descrever o desconsolo de passar por certas provas, de viver determinadas situações.
Pode até ser em poucos minutos ou mesmo em segundos que a nossa vida simplesmente muda, e nós mudamos com ela...
De repente, sem percebermos nem como nem porquê - sem tempo para nos prepararmos - perdemos algo... perdemos alguém... perdemos alguém que podia ser tudo, de uma forma ou de outra...
Como é que se ultrapassa uma dor destas? Como é que se encontra forças para continuar?

E assim sendo, depois de mais uma vez ter sofrido um assalto ao meu carro... de mais uma vez ter sentido propriedade minha violada, de ter sentido nojo quando me sentei no meu saxo para regressar a casa, de chorar as coisas que (alguns seres a quem só desejo coisas feias) levaram... não posso deixar de pensar que apesar de tudo isto e de me sentir triste e só como há já algum tempo não sentia, tudo isto é um sofrimento menor comparado com a angústia que certamente é a de uma mãe que perde um filho, ou a de alguém que perde possivelmente um amor na sua vida.
Tenho mesmo muita pena queridas A e V... muita...

E assim nesta manhã de segunda-feira, sinto-me profundamente desolada.

(E tu não estás aqui... nem perto tão pouco, nem sequer à distância de um telefonema, porque ao que parece decidiste, numa das tuas indiscutiveis e inexplicáveis decisões unilaterais, que estarias melhor sem me contactar.
É pena.)

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