11 May 2009

swallowing bugs... o essencial é invisível aos olhos

É assim... às vezes vamos tão rápido no slide, na dança, na corrida (!) dos dias, que de quando em vez somos surpreendidos por estes "bugs", mosquitinhos, insectos, whatever you may want to call it/'em...
Entram-nos assim, boca, sistema, corpo adentro... vamos fazer o quê? Há coisas inevitáveis...

Há coisas inevitáveis... não há? Já não sei... e isso entristece-me. Sinto-me como aqueles mosquitos e outros insectos afins que se esmagam, sem querer, com o carro, nas viagens.

Não tentasse ser hoje em dia uma pessoa mais positiva que negativa, capaz de ser forte para levantar a cabeça perante as presentes dificuldades, trapaças, jogos, mentiras, omissões, silêncios, injustiças, mal-entendidos, etc., e sentir-me-ia ainda mais como esses insectos. Esmagada. Crushed!

Entendo os subentendidos... o silêncio que grita. Hoje dá-me raiva. Onde andas tu?
Os astros não estão alinhados? (será que alguma vez estarão?)
Não estava escrito nas estrelas? Porque acho que estava? Mas então porque ando aqui sozinha?
Como vou esquecer? Já consegui coisas mais difíceis na vida... e com menos esforço...

Preciso de energia, dessa energia. Da tua energia...
Tough times around the corner.
I matter. And you hurt inside. Or at least I think you do. Just like me...

Eu gosto de cativar e de ser cativada. Encontrar referências...
Para mim, só faz sentido assim. O resto?? É tudo treta...
abandonei-te? Abandonaste-me. Morreremos sem acabarmos de nos cativar... Será isso possível?

(...)


Foi então que apareceu a raposa:
- Bom dia, disse a raposa.
- Bom dia, respondeu o principezinho com delicadeza. Mas ao voltar-se não viu ninguém.
- Estou aqui, disse a voz, debaixo da macieira...

- Quem és tu? disse o principezinho. És bem bonita...
- Sou uma raposa, disse a raposa.
- Anda brincar comigo, propôs-lhe o principezinho. Estou tão triste...
- Não posso brincar contigo, disse a raposa. Ainda ninguém me cativou.
- Ah! perdão, disse o principezinho. Mas, depois de ter reflectido, acrescentou:
- Que significa “cativar”?
- Tu não deves ser daqui, disse a raposa. Que procuras?
- Procuro os Homens, disse o principezinho. Que significa “cativar”?
- Os Homens, disse a raposa, têm espingardas e caçam. É uma maçada! Também criam galinhas. É o único interesse que lhes acho. Andas à procura de galinhas?
- Não, disse o principezinho. Ando à procura de amigos. Que significa “cativar”?
- É uma coisa de que toda a gente se esqueceu, disse a raposa. Significa “criar laços”...
- Criar laços?
- Isso mesmo, disse a raposa. Para mim, não passas, por enquanto, de um rapazinho em tudo igual a cem mil rapazinhos. E eu não preciso de ti. Para ti, não passo de uma raposa igual a cem mil raposas. Mas, se me cativares, precisaremos um do outro. Serás para mim único no Mundo. Serei única no Mundo para ti.
Mas voltou à mesma ideia:
- Levo uma vida monótona. Eu caço galinhas e os Homens caçam-me a mim. Todas as galinhas são iguais e todos os Homens são iguais. Por isso me aborreço um pouco. Mas, se tu me cativares, será como se o Sol iluminasse a minha vida. Distinguirei de todos os passos, um novo ruído de passos. Os outros passos fazem-me esconder debaixo da terra. Os teus hão-de atrair-me para fora da toca, como uma música. E depois, olha! Vês lá adiante os campos de trigo? Eu não como pão. O trigo para mim é inútil. Os campos de trigo não me dizem nada. E é triste. Mas os teus cabelos são cor de oiro. Por isso, quando me tiveres cativado, vai ser maravilhoso. Como o trigo é doirado, fará lembrar-me de ti. E hei-de amar o barulho do vento através do trigo...
A raposa calou-se e olhou por muito tempo para o principezinho.
- Cativa-me, por favor, disse ela.
- Tenho muito gosto, respondeu o principezinho, mas falta-me tempo. Preciso de descobrir amigos e conhecer outras coisas.
- Só se conhecem as coisas que se cativam, disse a raposa. Os Homens já não têm tempo para tomar conhecimento de nada. Compram coisas feitas aos mercadores. Mas como não existem mercadores de amigos, os Homens já não têm amigos. Se queres um amigo, cativa-me.
- Como é que hei-de fazer? disse o principezinho.
- Tens de ter muita paciência, respondeu a raposa. Primeiro, sentas-te um pouco afastado de mim, assim, na relva. Eu olho para ti pelo rabinho do olho e tu não dizes nada. A linguagem é uma fonte de mal-entendidos. Mas, de dia para dia, podes sentar-te cada vez mais perto...
- Vou dizer-te o meu segredo. É muito simples: só se vê bem com o coração. O essencial é invisível aos olhos.

(...)


excerto de “O Principezinho”

(Le Petit Prince - Antoine de Saint-Exupéry)


2 comments:

Anonymous said...

Cativaste-me a 23 de Abril de 1980.... (ou talvez uns dias depois, mas por aí).

Mana C.

(n)Ana said...

hehehe
e tu a mim um ou dois anos mais tarde... quando me comecei a entender e a perceber que tinha duas manas ali tão perto.

O trigo não me lembra os teus cabelos mas muitas outras coisas me fazem lembrar de ti. E é como diz a raposa... como nos cativámos, as nossas vidas ficaram diferentes, a minha ficou. Seria muito diferente sem ti.

Beijos.
Muitos.