03 November 2010

Final Destination

Não é curioso como pequenas coisas nos levam a mente a viajar em poucos segundos?
Subia a escadas que vão dar à tua... bom, à nossa (!) Praceta.
Pensava em ti, estás longe e mandei-te umas três mensagens que traduzidas só revelam manifestações da saudade :op.

Um caracol estava bem no meio de um dos degraus e tive que parar um pouco com o pé no ar antes de o pousar mais para o lado para evitar o esmagamento.
No entanto estávamos perto das 21h e neste novo horário de Inverno, a essa hora já está bem escuro. Eu vi-te caracol, um vizinho que venha poderá não te ver...

E não tardou a saraivada de pensamentos desconexos e pouco relacionados entre si que agora estou prestes a descrever.
Engraçado para entender como coisas que se passaram há meses ainda me movem.

Subi o resto das escadas a pensar se deveria intervir. Se deveria pôr o caracol nas ervinhas.
(Se há coisa que detesto é imaginar um caracol ser esmagado... argh! Imaginar o som da casca... argh, arrepio.)

Não voltei para trás. Não toquei no caracol. Resolvi deixar o destino, a sorte, o fado cumprir-se sem acção minha. Não sei se é certo se não.
"De facto, já fui mais interventiva, devo estar a ficar velha." - concluí com um sorriso parvo de mim para mim.

Faz um ano que, sem querer, acabei por intervir em questões nas quais não queria nem era suposto intervir. Faz um ano que quando precisei que alguém interviesse por mim, não houve saída enquanto EU mesma não decidi que chegava de abusos e de continuar a acreditar em gente má, fingida e pouco genuína (E assim continuará certamente a ser... gente má assim não mudará nunca, nasceram com a alma escangalhada e só estão bem a escangalhar as poucas boas almas que vão restando no mundo).

Eu mudei. Fiquei mais cinzenta mas só porque percebi que a ilusão nos impede de ver as coisas como realmente são e a desilusão pode ser amarga mas traz maior clareza e prepara-nos para tudo o que está por vir.

Intervir ou não intervir?
No outro dia apanhei um programa da Oprah no qual se relatava a história deste senhor e de como a sua maldade destruiu várias vidas e iludiu muitas mais. Como usava mentira e maldade para o bem singular, proveito e regozijo pessoal. As convidadas do programa eram pessoas abusadas por ele que acabaram por conseguir fugir ou fazer a rebelião, escapando-se do culto e da "lavagem cerebral" em que ele as embrenhou.
Uma delas dizia que não aceitava nem gostava de ouvir que os vizinhos não devem "intrometer-se". Pedia e desafiava as pessoas a "meterem o nariz", dizendo que muitas foram as vezes em que desejou a intromissão, o bater de alguém na porta, alguém que tentasse ver o que se passava e fazer alguma coisa, levantar suspeitas, fazer justiça (que nestes casos mesmo que venha, é sempre tardia e nunca a tempo de evitar que o trauma assole a alma de quem é abusado).
A Oprah rematou apelando a que as pessoas se deixem seguir pelo seu "radar interno", aquele "bichinho-bússola" que - na melhor das hipóteses - vive dentro de cada um de nós e nos acorda a sensibilidade para percepcionar quando algo não está correcto na porta ao lado e que nos leva a agir (ou não).

Ok... o ser humano é um ser muito imprevisível. Agir ou não? Who knows!? Não há regras nem padrões claros para a quantidade de tons nas sensibilidades dos biliões de habitantes na Terra.
O que realmente há é muito geral e muito baseado no chamado "bom-senso" e senso comum, que também variam (comummente) de pessoa para pessoa. :op

Da minha referida e involuntária intervenção sei, de longe, que no caso que importa, um bom resultado acabou por advir.
O estatelar da verdade desnudou tudo o que fora mal feito às escondidas (e eu nem sonho metade) e os lesados souberam agir mas é positivo que o tenham feito mas com as "cartas" todas na mesa. A mentira deixou de reinar e todas as decisões tomadas foram em consciência e com visão "panorâmica" de tudo o que ocorrera e só gente nobre, como foi o caso, conseguiria perdoar e aceitar os erros com dois braços abertos.
E sim, fiquei satisfeita. Agora, olhando em perspectiva, só vejo benefícios no deslindar que se desenrolou naquela "novela" de má qualidade.
E penso, depois de se descobrir tanto podre como é possível alguém estar tão disposto a amar?
Yeap, perfeitamente possível quando os sentimentos são puros, são capazes de perdoar TUDO. Ou era esse o destino não importa o que tivesse acontecido? Provavelmente sim.
A minha crença na predestinação tem oscilado ao longo da minha vida.

Lembrou-me daquele filme em que os passageiros de um avião se desviam da morte na queda do mesmo e depois, um a um, acabam por morrer na mesma, como se o escapar ao acidente tivesse sido um erro de cálculo que o Universo teve depois de corrigir. Terá sido uma questão de "quando?" mas nunca uma questão de "o quê?".

Se ao mover o caracol eu tivesse evitado que uma ou duas pessoas a seguir o pisassem... quem me diz que não não seria esse mesmo o seu fim, amanhã ou depois?

Ok... não sei de onde veio isto tudo, ainda para mais depois de semanas tão cansativas mas... apeteceu escrever e AQUI, algo que não tem ocorrido (nem tão pouco disponibilidade para isso!) e parece-me, no meu radar, que ter feito tempo e vontade para escrever é bom! :o)

Quanto a ti... Boa sorte, Caracol.
E tu... volta rápido que me fazes mesmo muita falta. :o)


2 comments:

Just Brain Rubbish said...

Adorei 2 frases tuas deste teu post:
1 - "Fiquei mais cinzenta mas só porque percebi que a ilusão nos impede de ver as coisas como realmente são e a desilusão pode ser amarga mas traz maior clareza e prepara-nos para tudo o que está por vir." - Check!
2 - "...Yeap, perfeitamente possível quando os sentimentos são puros, são capazes de perdoar TUDO." - Tenho MUITAS dívidas porque quem nem está interessado em tê-lo não o merece...

Just Brain Rubbish said...

Adorei 2 frases tuas deste teu post:
1 - "Fiquei mais cinzenta mas só porque percebi que a ilusão nos impede de ver as coisas como realmente são e a desilusão pode ser amarga mas traz maior clareza e prepara-nos para tudo o que está por vir." - Check!
2 - "...Yeap, perfeitamente possível quando os sentimentos são puros, são capazes de perdoar TUDO." - Tenho MUITAS dívidas porque quem nem está interessado em tê-lo não o merece...