25 April 2005

La Vache Qui Pleure

Antes de contar das minhas outras prendas de anos (e obrigada por todas!), senti que era urgente falar do concerto estupidamente bom a que fui ontem à noite.

O anfitrião da noite cantou e encantou.
Tenho pena de não ter escrito logo a seguir porque tinha ainda mais presente e concentrado aquele feeling mágico. Foi sem dúvida um concerto memorável.

Rufus Wainwright falou dos portugueses da sua terra natal (Montreal - Canadá), de como se recorda de ir provar os seus cozinhados e de como são bonitos! É verdade, Rufus não esconde a sua homosexualidade e parece vivê-la muito naturalmente... Também não esconde o seu rabinho, que digo desde já, é mesmo bom! Mas disso falarei mais à frente...

Nos seus pequenos discursos entre músicas, falou, falou, falou... E é tão boa essa partilha...!

Falou de como as suas músicas são quase sempre sobre si, fez brincadeiras com esse facto, quase tentando desculpar o seu pseudo-narcisismo; dedicou músicas à família, falou da irmã, do pai e da mãe.

"Contou-nos" sobre o telefonema da mãe durante a tarde, no qual lhe falou da atribulada viagem até ao local onde aquela ia dar um concerto: Pelo caminho, entre outras peripécias, houve ali uma viagem de comboio que incluíu um atropelo de uma vaca... o que não deixa de ser irónico pois parece que o seu último trabalho se chama "La vache qui pleure" - a vaca que chora - pergunto-me se este título não será em oposição à outra vaca francesa, a do queijo! - La vache qui rit?

O encantador Rufus fez ainda reparos ao jogo de futebol de ontem, o que só indica que é um jovem interessado que faz alguma pesquisa sobre os sítios onde vai tocar. Fez ainda referência ao feriado que hoje se vive.

O que contou mais... ah! A sua experiência com a religião... pelo facto de não ser baptizado. não podia comungar, não podia confessar-se... e por não ter a primeira comunhão não recebera um terço que brilhava no escuro, como todos os seus coleguinhas... Então na missa, basicamente ficava sentadinho "sugadito" lá atrás (como ele disse) "playing with myself"...
Quando a audiência riu com esta expressão ele acrescentou: "as opposed to staying in the front and being played with by the priest"...

Para bom entendedor meia palavra basta, o mordaz Rufus fez soltar uma grande gargalhada que ecoou em toda a sala.

Foi uma pena quando terminou, mas caramba, saí de lá de barriga bem cheia, consumi cada segundinho de concerto. Os bilhetes valeram todos os cêntimos.
Hoje vai estar no Porto e só apetece ir a correr até lá para viver tudo de novo.

É verdade! Não me importava de ouvir de novo a primeira parte tocada pela JOAN AS POLICE WOMAN - uma promissora voz que faz também parte da banda do Rufus - back vocals, guitarra e violino... par além da homenagem a Elliott Smith (!) e de tudo o resto...
Não me importava de ver novamente aquele encore que sei que nunca mais vou esquecer!

E passo a contar:

Imaginem um concerto, já por si muito bom apenas com a qualidade musical que já conhecemos a um artista que consta entre os nossos preferidos, principalmente quando o seu último trabalho é daqueles que enchem as medidas a qualquer ouvido bem apurado.
Quando até já nos sentimos com o espírito confortavelmente alimentado... a banda volta para o encore (como sempre...) e a certa altura, de repente, as luzes apagam-se e apercebemo-nos de algum tumulto no palco... "voltam"então todos em tanguinha (e soutien, as meninas), o guitarra está de pirata (com direito a pala no olho e papagaio!), a menina loira parece uma meretriz de cabaret, a menina morena (a tal Joan) idem, e baterista, orgão e baixo, tudo na mesma onda... com o Rufus dá-se o verdadeiro "Butterfly Effect"...

Só visto...!
De tanga brilhante de tom púrpura, fio dental, (daí dar para ver a bela da peida canadiana!)
Entre os seus stage props incluiam-se ainda uma varinha mágica de estrelinha na ponta, uma coroa, umas asinhas de borboleta (!) e uma faixa a tiracolo contendo o título de "Miss Lisboa"... Epah... FOI LINDO!!!

Epah... eu já não aguentava. E às tantas ele diz: "Estão a ver o que vos acontece quando assinam um contrato com uma discográfica? Ficamos maluuuucos!" E com a varinha e asas de borboleta bamboleia-se pelo palco...

...a sério... eu acho que morri e fui para o céu, de tão extasiada que estava!

A música seguinte já foi tocada com chapéu de feiticeiro e capa negra... rabinho (mais) tapado quando:
"-E será que os Kean boys fizeram isto?" - e mostrou o rabinho! (da última vez que cá esteve foi a fazer a abertura de Kean)
Fiquei a gostar ainda mais dele! Daquele gayzinho querido!

A música final foi tocada com a malta toda de roupão clarinho. Ai... foi mesmo bom...

Depois deste concerto magnifico, ainda encontrei o meu amigo JP que não via há p'raí um ano!
A ti não te vi!
E a seguir ainda fomos matar a fome a um restaurante absolutamente delicioso bem pertinho do Lux, chamado Casanova. (muito giro! comida italiana, e boa!, serviço ultra-rápido, cada duas pessoas sentadas frente a frente, têm uma luzinha que acendem quando querem chamar o empregado! Um conceito muito, muito engraçado.

Ai... que óptima forma de começar o dia a relembrar (quase exaustivamente) a noite de ontem.

Adorei a minha primeira noite com 25 anos. Se todas fossem assim estava eu feliz da vida!

;o)

1 comment:

(n)Ana said...

Claro que provei a pizza nutella, ou seja, pizza de chocolate. Muito bom :o)
O post ficou grande porque estava com pica...! Não faz mal não leres, a mm vai dar gozo vir aqui um dia e ler estas parvoíces todas.
beijinhos