23 July 2009

nuvenzinha


Hoje anda aqui uma nuvenzinha.
E como é hábito, em tempos mais enevoados, preciso de recorrer ao Chapters.
Ajuda-me sempre a "resfriar" a cabeça. A rever os pensamentos e o que sinto e porquê; a parar um pouco para retomar caminho de novo com vontade e força restabelecidas. Recordo conversas e "arrumo" as coisas tentando não guardar #1 - rancores #2 - "lixo" que não mereça ser guardado e recordado mais tarde.

Há coisas que custam mais a deitar fora que outras, mas devagarinho aprendo a fazer cada vez melhor essa escolha. Nunca vou aprender a fazê-la como deve ser, e continuarei a guardar coisas que não devo. É um processo moroso e há quem nunca consiga na vida descobrir como é que coisas que se "deitam fora", reaparecem nos "registos" um dia mais tarde.

Abaixo vou deixar um texto (obrigada :o)) que aconselho a que seja lido mas apenas uma vez.
Tenho acreditado que ler sobre a desilusão só deve trazer ainda mais desilusão... não quero arriscar.
Se me sinto desiludida acho que devo ler ou procurar coisas alegres e que me dêem força em detrimento de algo que me leve a crer que o caminho é aceitar que fui ou serei brevemente derrotada.

Julgo ainda tenho uma coisa na minha mão. Por vezes queria muito mas não consigo evitar deixar de pensar que se calhar não me pertence. "Será que encaixa mal?" - Pergunto-me às vezes... Porque fugi então? Umas vezes parecia-me que encaixaria na perfeição e outras não. E quando não encaixava fazia-me infeliz ou pelo menos entristecia-me e não é esse o estado em que queria estar (seria egoísta, com tantas outras coisas boas que vamos tendo na minha vida...). No entanto, sabendo tudo isto... não consigo... não sei porquê... ainda não consigo... às vezes estou lá tão perto... Mas não consigo.
Por isso sigo. Dói... mas sigo... faz-me sofrer... sentir total abandono... mas sigo... "Haja o que houver"... :o(
Adiante.


DESILUSÃO

"Vamos pela vida intercalando épocas de entusiasmo com épocas de desilusão. De vez em quando andamos inchados como velas e caminhamos velozes pelo mar do mundo; noutras ocasiões - mais frequentes do que as outras - estamos murchos como folhas que o tempo engelhou. Temos períodos dourados, em que caminhamos sobre nuvens e tudo nos parece maravilhoso, e outros - tão cinzentos! - em que talvez nos apetecesse adormecer e ficar assim durante o tempo necessário para que tudo voltasse a ser belo.
Acontece-nos a todos e constitui, sem dúvida, um sinal de imaturidade. Somos ainda crianças em muitos aspectos.
A verdade é que não temos razões para nos deixarmos levar demasiado por entusiasmos, pois já devíamos ter aprendido que não podem ser duradouros.
A vida é que é, e não pode ser mais do que isso.
Desejamos muito uma coisa, pensamos que se a alcançarmos obtemos uma espécie de céu, batemo-nos por ela com todas as forças. Mas quando, finalmente, obtemos o que tanto desejávamos, passamos por duas fases desconcertantes. A primeira é um medo terrível de perder o que conquistámos: porque conhecemos o que aconteceu anteriormente a outras pessoas em situações semelhantes à nossa; porque existe a morte, a doença, o roubo...
A segunda fase chega com o tempo e não costuma demorar muito: sucede que aquilo que obtivemos perde - lentamente ou de um dia para o outro - o encanto. Gastou-se o dourado, esboroou-se o algodão das nuvens. Aquilo já não nos proporciona um paraíso.
E é nesse momento que chega a desilusão, com todo o seu cortejo de possíveis consequências desagradáveis: podem passar-nos pela cabeça coisas como mudarmos de profissão, mudarmos de clube, trocarmos de automóvel ou de casa, divorciarmo-nos... E, então, surge o desejo de partir atrás de outro entusiasmo: queremos voltar a amar...
Nunca mais conseguimos aprender o que é o amor.
Se nos desiludimos, a culpa não está nas coisas nem está nas outras pessoas. Se nos desiludimos, a culpa é nossa: porque nos deixámos iludir; porque nos deixámos levar por uma ilusão. Uma ilusão - há quem ganhe a vida a fazer ilusionismo - consiste em vestir com uma roupagem excessiva e falsa a realidade, de modo a distorcê-la ou a fazê-la parecer mais do que aquilo que é.
Quando nos desiludimos não estamos a ser justos nem com as pessoas nem com as coisas.
Nenhuma pessoa, nenhuma das coisas com que lidamos pode satisfazer plenamente o nosso desejo de bem, de felicidade, de beleza. Em primeiro lugar porque não são perfeitas (só a ilusão pode, temporariamente, fazer-nos ver nelas a perfeição). Depois, porque não são incorruptíveis nem eternas: apodrecem, gastam-se, engelham-se, engordam, quebram-se, ganham rugas... terminam.
Aquilo que procuramos - faz parte da nossa estrutura, não o podemos evitar - é perfeito e não tem fim. E não nos contentamos com menos de que isso. É por essa razão que nos desiludimos e que de novo nos iludimos: andamos à procura...
De resto, se todos ambicionamos um bem perfeito e eterno, ele deve existir. Só pode acontecer que exista. Mas deve ser preciso procurar num lugar mais adequado."

Paulo Geraldo - http://cidadela.net/

E pronto... basicamente era isto...

O cabeçalho continua a adequar-se... "Holy shit - guys - People are complicated!"

:o)


3 comments:

Gelo said...

corro o risco de dar um tiro ao lado por estar tão fora do contexto mas, se tens uma coisa na mão e é boa, não abras mão dela.

O altruísmo não te deve impedir de ver que, por vezes, tens que ser altruísta para ti também, mesmo que isso te faça um bocadinho egoísta :)

bjk e porta-te bem

pb said...

vivemos numa das maiores épocas de ilusão... a pré-epoca, a desilusão por norma chega no natal.

beijos com tranquilidade

Anonymous said...

Eu já quase não acredito em nada.

Anonymous do gato.